09/04/2013
Para explicar um pouco mais sobre o tema, o reumatologista Hilton Seda, membro da Comissão de Osteoartrite da SBR, diz que, na verdade, desde a década de 40, sabe-se que a retirada cirúrgica do menisco do joelho (meniscectomia) é capaz de determinar o aparecimento de artrose radiológica, não necessariamente sintomática, nessa articulação. Tal fato ocorre em cerca de 20% a 40% dos casos, após dez anos, diz Seda. “A meniscectomia, portanto, aumenta o risco dessa complicação, risco que depende também de outros fatores, como predisposição e idade.”, diz ele, ressaltando que, em virtude desse conhecimento, foi estabelecido um critério para o tratamento das lesões meniscais (clínico/fisioterápico ou cirúrgico artroscópico), dependendo do padrão de gravidade da lesão.
Assim, segundo o reumatologista, não se pode afirmar que o estudo em questão é inédito, enfatizando que o valor do trabalho de Jeffrey N. Katz et al , apresentado em 2012 no Congresso do American College of Rheumatology, está no fato de ser uma investigação multicêntrica, randomizada e controlada com o expressivo número de 351 pacientes com lesão meniscal sintomática e lesões osteoartríticas, diagnosticadas através de ressonância magnética, que foram divididos em dois grupos: 174 submetidos a meniscectomia parcial artroscópica e 177 não operados. “As conclusões preliminares sugerem que, em ambos os grupos, houve substancial melhora do estado funcional após seis meses”, ressalta.
Tratamento
Falando particularmente sobre os métodos de tratamento da osteoartrite, Seda explica que, em qualquer das suas localizações, jamais é feito com procedimentos isolados e sim através de um conjunto de medidas, não só farmacológicas (uso de medicamentos de ação sintomática ou de possível atuação na patogenia da doença) como não farmacológicas (educação do paciente, reuniões de grupo, etc.) onde se inclui a fisioterapia que tem papel saliente na terapêutica. É importante ressaltar, diz Seda, que cada vez mais se dá valor às medidas não farmacológicas.
Quanto à cirurgia, ele diz que praticamente não há casos em que seja recomendada de imediato. “A cirurgia só é cogitada depois que fracassam as medidas citadas acima”, esclarece. No caso de ser preciso proceder à astroscopia, Seda explica que o procedimento é uma endoscopia articular (visualização do interior da junta) realizada com o uso de um aparelho chamado artroscópio, inserido na articulação através de um pequeno corte. “É um procedimento minimamente invasivo que serve tanto para diagnóstico como para tratamento cirúrgico de determinadas patologias.”
Em relação ao que cita a reportagem do jornal Zero Hora, de que há eventualidade de o número de cirurgias realizadas no mundo seja maior do que a real necessidade, Seda afirma que, em relação a reparo de meniscos lesionados, é possível que um certo exagero ocorra.
No caso de ser prescrito um procedimento fisioterápico, Seda diz que não há uma “receita de bolo” para o método, que vai depender de cada caso: com ou sem sinais inflamatórios, presença ou não de atrofia muscular, limitação de movimentos, etc. “Um objetivo importante é o fortalecimento do quadríceps, musculatura muito importante na estabilidade do joelho”, diz Seda, ressaltando que o tempo de tratamento varia de acordo com as circunstâncias clínicas. E é importante ressaltar, diz o reumatologista, que tal tratamento deve ser conduzido por um profissional habilitado – o fisioterapeuta –, mas sempre por prescrição médica. “Também pode ser realizado por médico especialista em medicina física – o fisiatra”, esclarece.
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